Arquivo Casino

José Maria Santos (o popular Zé Maria) era uma figura conhecida nos meios da boémia lisboeta e homem de múltiplas actividades. Entre estas contavam-se as de croupier no Casino Estoril, forcado do Grupo de Amadores de Santarém e atleta do Sporting (nos 60m, que as noitadas não lhe davam pernas para mais). Mas de todos os seus talentos, Zé Maria era sobretudo conhecido pela graça espontânea, a tirada fulminante, o epigrama pronto. Um dia na Feira de Santarém, o grupo, cujo cabo era o Marquês de Fronteira, Dom Fernando Mascarenhas, foi recebido no fim da corrida por Sua Majestade o Rei Humberto de Itália, exilado na Costa do Sol e frequentador episódico do Casino. Quando chegou a sua vez, Zé Maria foi apresentado como (igualmente) croupier. O rei Humberto dirigiu-se-lhe nestes termos: – É curioso, esta é a primeira vez que encontro um croupier fora do Casino! Ao que Zé Maria retorquiu: – E eu é a primeira vez que encontro um rei fora do baralho! Reza a lenda que a tirada foi traduzida a Sua Majestade, que, com bonomia, se riu francamente do dito.

A historieta é por demais conhecida, já imortalizada pela Beatriz Costa em livro ou pelo Nicolau Breyner num seu talk show, e mais recentemente no livro Fortuna ou Azar, Dupla Improvável.

Um dia ouvia-a ao balcão de um bar em Lisboa pela boca de um de dois vizinhos desconhecidos, Segue-se o diálogo:

Eu – Perdão, permitem que corrija a história ?

Eles – Como é que sabemos que a sua versão é a autêntica ?

 Eu – É que eu sou filho do protagonista!

Um filho que nunca pegou um touro ou foi sprinter. Mas foi pagador de banca no Casino Estoril, onde agora desempenha as funções de Chefe de Partida.

José António 

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