Nascido no Castello Reale di Racconigi no dia 15 de setembro de 1904, único filho varão de Vitor Emanuel III, recebe o título de príncipe de Piemonte.

Em 1943, com o desembarque aliado na Sicília e a queda de Mussolini, a Itália muda de campo, juntando-se aos Aliados. Porém a Itália é invadida pela Alemanha nazi. O rei Vítor Emanuel e o seu filho, o príncipe Humberto, não têm escolha.

A 9 de maio de 1946, o rei Vítor Emanuel abdica: Humberto torna-se rei de Itália.

Os Italianos, em referendo, optaram pela República: 12 milhões de italianos votaram pela república e 10 milhões votaram pela monarquia.

O rei ficou desfeito e assumiu o compromisso de sair de Itália. A 5 de junho de 1946 pede ao general Alfonso Infante que prepare a saída da sua família para o exílio.

A esposa, Maria José, contra sua vontade, é embarcada com os seus quatro filhos, por ordem do rei, no navio de guerra italiano Duca degli Abbruzzi que os trará a Portugal.

Maria José chega a Portugal a 6 de junho de 1946 e toma então o título de condessa de Sarre.

A 13 de junho é a vez de o rei deposto chegar a Portugal. O quadrimotor Savoia-Marchetti chega à Portela às 12h15m.

Para o herdeiro da casa de Saboia, Portugal é o lugar indicado para o seu exílio.

António de Oliveira Salazar veio pessoalmente visitar a rainha , dois dias depois da sua chegada ao país.

Depois de se instalar na Villa Bella Vista, o rei Humberto decide instalar-se em Cascais, na Villa Monte Real, onde ficam apenas por dois invernos.

Um ano mais tarde, na primavera de 1947, vai finalmente encontrar uma casa que corresponde finalmente aos seus desejos. A Villa Itália.

Amante do desporto (especialmente natação, cujo local de preferência é o Guincho), Humberto tem outra evasão: a cultura. Passa dias inteiros na biblioteca de Cascais. Inicia-se no português. Visita os museus de Cascais, Sintra e Lisboa, várias vezes, para melhor compreender a cultura do país que o acolheu e que passou a amar.

O teatro e a música atraem-no. Adora Fado!

Vai a todo o lado para onde é convidado, socializa, e não hesita em convidar para sua casa, para almoçar ou jantar, todos aqueles que souberem apreciar a sua presença.

O rei Humberto foi provavelmente dos reis no exílio, o mais amado pelos portugueses.

Frequentador não raro do Casino Estoril, contamos a seguinte história (outras existem), bem demonstrativa da sua bonomia e simplicidade:

“José Maria Santos (o popular Zé Maria) era uma figura conhecida nos meios da boémia lisboeta e homem de múltiplas actividades. Entre estas contavam-se as de croupier no Casino Estoril, forcado do Grupo de Amadores de Santarém e atleta do Sporting (nos 60 metros, que as noitadas não lhe davam pernas para mais). Mas de todos os seus talentos, Zé Maria era sobretudo conhecido pela graça espontânea, a tirada fulminante, o epigrama pronto. Um dia na Feira de Santarém, o grupo, cujo cabo era o Marquês de Fronteira, Dom Fernando Mascarenhas, foi recebido no fim da corrida por Sua Majestade o Rei Humberto de Itália, exilado na Costa do Sol e frequentador episódico do Casino. Quando chegou a sua vez, Zé Maria foi apresentado como (igualmente) croupier. O rei Humberto dirigiu-se-lhe nestes termos: – É curioso, esta é a primeira vez que encontro um croupier fora do Casino! Ao que Zé Maria retorquiu: – E eu é a primeira vez que encontro um rei fora do baralho! A tirada foi traduzida a Sua Majestade, que, com a habitual bonomia, se riu francamente.”

A história, verdadeira, é por demais conhecida, já imortalizada pela Beatriz Costa em livro ou pelo Nicolau Breyner num seu talk show, e mais recentemente no livro Fortuna ou Azar, Dupla Improvável.

(O Jogo em Portugal)

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