O «Café Chinês da Póvoa», percursor do casino da Póvoa, iniciou a sua atividade em 1886, sendo à semelhança do de Espinho, centro de tertúlia intelectual, espaço de diversão musical, e local privilegiado para a prática (então ainda proibida por lei) de jogos de fortuna ou azar.

Contrariamente à tradição da prática da atividade do jogo em torno do pano verde, bem evidenciada, designadamente pela pena de Ramalho Ortigão em “As Praias de Portugal”, a Póvoa de Varzim foi preterida no decreto de 1927, em favor de Viana do Castelo, que não possuía, que se saiba, experiência nem tradição nessa atividade. No entanto esse lapso foi prontamente sanado, com a criação, em 1928, da Zona de Jogo da Póvoa de Varzim.

Transferida em 1928 com algum custo, mas de forma plenamente justificada para a Póvoa de Varzim, a própria zona de jogo de Santa Luzia, Viana do Castelo (Decreto 15.572, de 13-6-1928), foi então possível iniciar a exploração de jogo regulamentado e legal na Póvoa de Varzim.

Após aquela muito debatida concessão funcionar logo no próprio ano de 1928, e apenas durante alguns meses no Salão da antiga Assembleia Povoense, assiste-se entre 1929 e 1933 à exploração do jogo (agora legal), nas instalações do antigo Café Chinês. Apenas em 1934 foi concluído o magnífico e monumental edifício do Casino da Póvoa, verdadeiro ex-libris local, o qual em cerimónia pré-inaugural, foi aberto ao público no dia 1 de junho de 1934 (porque o calendário legal a isso obrigava). Inaugurado oficialmente com grande solenidade no 10 de junho, um bem escolhido sábado, o qual, além do mais, permitiu a realização de um grandioso baile de gala, noticiado e destacado não apenas na região como por todo o País.

Tão grande empreendimento só foi possível graças à união de vários empresários poveiros, amigos da sua terra, associados e com o inevitável apoio da Autarquia Poveira, o que veio a permitir a criação da Empresa de Turismo Praia Póvoa de Varzim S.A.R.L., em 14 de Setembro de 1928. Faziam parte das contrapartidas ao Estado a construção de um Casino e de um Grande-Hotel, de primeira categoria e com capacidade não inferior a 100 quartos, na linha do desenvolvimento turístico que se pretendia incrementar com o diploma de 1927.

Cerca de dois anos depois, iniciaram-se as obras do casino. O edifício, de feição neoclássica, ao estilo da Escola Francesa de Garnier, o criador do Casino de Monte Carlo e da Ópera de Paris, teve a coordenar a sua construção, Alberto Vilaça, num projeto do arquiteto José Coelho.

A primeira concessão, adjudicada à Empresa de Turismo Praia Póvoa de Varzim S.A.R.L, decorreu entre os anos de 1928 e 1958. Seguiu-se um contrato de adjudicação por mais 10 anos, à mesma empresa, com termo em 31.12.1968.

Durante o longo período de 40 anos em que a Empresa de Turismo Praia Póvoa de Varzim S.A.R.L foi concessionária do jogo, o empresário Artur Adriano Aires entrou como acionista desde cedo. Logo em 1935 ficou com 1/3 das ações. Em 1948 compra todas as ações detidas pela Autarquia, e assume o controlo da empresa.

No entretanto e por razões de saúde, sucedem-lhe os empresários Nuno Salvação Barreto e Adolfo Vieira de Brito, os quais se virão no entretanto a desentender, ficando Nuno Salvação Barreto com o controlo da empresa. O Grande Hotel, que havia entrado em funcionamento em 1936 é mesmo encerrado.

Começa então a surgir a ideia de se criar uma nova empresa, constituída essencialmente por poveiros, com a finalidade de se precaverem os efeitos negativos de uma eventual e provável perda da concessão de jogo.

É neste contexto que nasce a Sopete, constituída de forma a poder concorrer à nova concessão de jogo, terceiro contrato de concessão da Zona de Jogo Temporária da Póvoa de Varzim. Que vence.

O contrato de concessão foi celebrado em 17 de junho de 1969 com termo inicialmente previsto para 31 de dezembro de 1973.

A terceira concessão foi assim já da responsabilidade da Sopete – Sociedade Poveira de Empreendimentos Turísticos, S.AR.L, e ocorreu entre os anos de 1969 e 1973.

A Sopete foi ainda autorizada a fazer a exploração em 1974, por mais seis meses, em virtude da anulação do concurso que fora aberto nos termos do decreto n.º 334/73, de 4 de Junho. Novamente vencedora de concurso público, coube à Sopete a gestão da empresa concessionária no período compreendido entre 1975 e 1988. Durante este período, e logo com carácter transitório a partir de 1976, a exploração do casino passou a ser permanente.

Em 1 de Janeiro de 1989 iniciou-se a quinta concessão, atribuída por concurso público à Sopete, S.A., concessão no entretanto prorrogada até 2023.

Em 14 de Dezembro de 2001, em conformidade com o DL n.º 275/2001, de 1 de Outubro, procedeu-se à revisão do contrato de concessão celebrado em 29 de Dezembro de 1988 com a então empresa Sopete, S.A., contrato que foi integralmente substituído por outro celebrado com a Varzim Sol, S.A., a qual veio substituir a Sopete.

Recorde-se que a Sopete fora adquirida em 1998 pela Estoril Sol.

A concessão de jogo terminará assim e de acordo com o contrato atualmente em vigor, em 31 de Dezembro de 2023.

Pereira de Deus

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