Contornando a Pérola do Atlântico

(Republicação)

 

Não se sabe, claro,  quem foi o primeiro navegador a avistar a ilha da Madeira. Provavelmente um navegador perdido no meio de uma tempestade.

Não há certezas quanto à data em que os Portugueses chegaram.

Sabe-se no entanto que João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, ao serviço do infante D. Henrique, provavelmente em 1418, desembarcaram em Porto Santo. De seguida rumaram em direcção a uma “mancha escura” que se via ao longe.

E encontraram uma paisagem deslumbrante com altas montanhas a cair a pique sobre o mar, densa vegetação e muitas árvores, até aí nunca antes vistas.

A Madeira é uma ilha de origem vulcânica, com 742,4 km², flora exótica e clima subtropical. É conhecida pelos 15 mil hectares de floresta laurissilva nos vales a norte da região autónoma, a maior superfície do mundo, classificada Património Natural da Humanidade pela UNESCO em 1999.

Uma das teorias é a de que as ilhas da Madeira e Porto Santo foram descobertas primeiro pelos Romanos e que ficaram conhecidas como as “Ilhas de Púrpura“, mas é um assunto controverso entre os historiadores.

O arquipélago foi em 1419 redescoberto por Tristão Vaz Teixeira e João Gonçalves Zarco. Este navegador apelidou a ilha com o nome Madeira, dada a grande abundância dessa matéria-prima.

Primeiro, foi descoberta a ilha do Porto Santo, em 1418, por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira. No ano seguinte estes navegadores, acompanhados por Bartolomeu Perestrelo, alcançam a ilha da Madeira.

Face ao potencial das ilhas, bem como à sua importância estratégica, iniciou-se por volta de 1425 a sua colonização.

Terá sido provavelmente uma iniciativa de D. João I ou do Infante D. Henrique.

A partir de 1440 estabelece-se o regime das capitanias com a investidura de Tristão Vaz Teixeira como capitão-donatário da capitania de Machico; seis anos mais tarde Bartolomeu Perestrelo torna-se capitão-donatário do Porto Santo, e em 1450, João Gonçalves Zarco é investido capitão-donatário da capitania do Funchal.

Os três capitães-donatários levaram na primeira viagem as respetivas famílias, um pequeno grupo da pequena nobreza, gente de condições modestas e até alguns antigos presos do reino.

Para auferirem de condições mínimas para o desenvolvimento da agricultura, desbastaram uma parte da densa floresta de laurissilva, e construíram um grande número de canalizações de água (as famosas levadas), dado que enquanto numa parte da ilha havia água em excesso, noutra, a água escasseava.

No início, o peixe e os produtos horto-frutícolas constituíam os principais produtos de  subsistência dos povoadores.

A ilha da Madeira, com uma população na ordem dos 250.000 habitantes, é a maior ilha do arquipélago, com o mesmo nome. Este é composto também pela ilha de Porto Santo e outras ilhas menores, desabitadas: as Ilhas Desertas e as Ilhas Selvagens. O arquipélago fica a cerca de 850 km da costa continental portuguesa.

A ilha apresenta uma geografia bastante acidentada, com grandes falésias na costa e zonas montanhosas, como o Pico Ruivo ou o Pico do Areeiro, que alcançam os 1800 metros de altura. Este relevo e a acção dos ventos, geram micro-climas que favorecem o crescimento de frutas e plantas ornamentais variadas e belas, razão pela qual a ilha é apelidada de “Ilha das Flores”. Poderia mesmo dizer-se que a ilha goza de uma primavera permanente, não apenas devido à beleza da sua flora, mas também às temperaturas amenas que se fazem sentir durante todo o ano.

Na capital, cidade do Funchal, concentra-se mais de um terço da população da ilha.

Os atuais hotéis de luxo, de primeira linha e qualidade, que percorrem a promenade do Lido em toda a sua extensão, constituem afinal a sequência natural, designadamente, dos empreendimentos e iniciativas levadas a efeito em 1967, nas Quintas Pavão e Bianchi, as quais foram cedidas à sociedade concessionária da zona de jogo do Funchal, cujo contrato de concessão  foi assinado em 1964, com a ITI – Sociedade de Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira , SARL., para edificar um novo casino, o qual foi inaugurado no dia 1 de agosto de 1979

Arquivo Casino

e uma unidade hoteleira de luxo, o Casino Park Hotel, inaugurado em 3 de outubro de 1976, um projeto arquitetónico de Óscar Niemeyer e de Viana de Lima, e com decoração de Daciano Costa.

No centro histórico, destacam-se algumas mansões do século XVIII e edifícios governamentais, assim como a Sé Catedral do Funchal, a Praça do Município, a Alfândega Velha, e o Museu de Arte Sacra.

O Mercado dos Lavradores atrai os visitantes com as suas variadas verduras e frutas, e as vendedoras de flores vestidas com os trajes típicos.

Na zona alta, já quase fora da cidade e disposto em terraços, o Jardim Botânico constitui uma montra dos exemplares da flora da Madeira.

Mais para o interior da ilha, o relevo montanhoso obrigou os agricultores a cultivar videiras e árvores de fruto, em terraços regados pelo sistema de canais das levadas.

Dando a volta à ilha descobrem-se os vários povoados, como Câmara de Lobos, principal centro de pesca de peixe-espada, uma das especialidades da Madeira.

Continuando para oeste, encontramos o Cabo Girão, o segundo mais alto do mundo, com 580 metros de altura.

Passando pelas localidades de Ribeira Brava, onde se destaca a igreja de São Bento, Ponta do Sol, Calheta, Paul do Mar e Ponta do Pargo, percorre-se toda a zona sul da ilha.

Continuando até ao norte chegamos a Porto Moniz, cuja principal atracção são as suas piscinas naturais, formadas a partir de rochas vulcânicas. Seguindo o caminho que leva a Santana, existem alguns miradouros com vistas soberbas. Em Santana destacam-se as construções típicas desta zona, que normalmente estão desabitadas e são utilizadas como estábulos, ou apenas integrantes da tradição.

O caminho leva-nos até ao Caniçal, antigo centro da indústria baleeira da Madeira que, desde 1981, é um santuário de mamíferos marinhos.

A Ponta de São Lourenço é o extremo mais oriental da ilha, a partir de onde as vistas sobre as costas da Madeira e da ilha de Porto Santo são absolutamente magníficas. As montanhas e o mar entrelaçam-se numa paisagem fascinante.

Por fim, deparamos com a cidade do Machico, localizada no local onde acostaram os descobridores da ilha. Destacam-se a Capela dos Milagres, a antiga igreja, e os fortes construídos para prevenção dos ataques dos piratas.

José Pereira de Deus

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