Renato Morais nos 90 anos das concessões

 

Minhas senhoras e Meus senhores,

É com uma enorme honra que aceitei participar nesta conferência que reune um prestigiado painel de oradores convidados. Estão aqui presentes alguns dos mais experientes profissionais do sector em Portugal.

Os portugueses não descobriram o jogo do poker na internet nem tão pouco na popular série inglesa «Late Night Poker» lançada no último ano do Século XX, ou durante a sua meteórica expansão na aurora do Século XXI, nos Estados Unidos, impulsionada pelas imagens disseminadas de mini câmaras utilizadas durante os eventos do World Series of Poker.

Por cá, mesmo antes da legislação que permitiu a exploração dos jogos de azar em casinos, já se jogava o poker em clubes, associações, e torneios de tiro e de caça. Embora não estivesse autorizado e legislado, o jogo do poker, durante muitos anos foi tolerado em locais com licença de carteado.

Porém, qualquer jogo, proibido ou tolerado, sem regulamentação e fiscalização apropriadas, pode degenerar na exploração das vulnerabilidades dos praticantes menos informados.

Foi isso que aconteceu no passado à medida que as associações recreativas e clubes que alojavam essa oferta foram proliferando pelas cidades de norte a sul do país.

Acresce que os apaixonados pela modalidade, não se limitavam a jogar nestas toleradas salas de carteado. Prolongavam as sessões de jogo no resguardo de suas casas ou em qualquer local clandestino, que organizavam este jogo, a troco do pagamento de uma comissão (à época designada por “barato”). O poker sendo um jogo não bancado, em que o banqueiro não tem qualquer risco financeiro, ou seja, os jogadores não jogam contra a banca, mas sim entre si, é facilmente organizado em locais ilegais.

Neste tempo, os jogadores recreativos eram amiúde alvos de conluios, em que vários jogadores se associavam entre si, para extorquir um outro jogador, a quem se davam os elucidativos nomes de “pato ou pombo”.

Bem esteve o legislador na decisão de regulamentar o jogo do poker, retirando-o do Underground e canalizando-o para os casinos, permitindo desta forma que os jogadores usufruíssem de uma oferta desenvolvida num ambiente recreativo e seguro, nos jogos promovidos pelos casinos.

Bem, estiveram também os casinos que ultrapassaram a visão redutora de considerar o poker ao vivo como uma espécie de líder de perdas que apenas contribui com alguma receita residual. Bem esteve a Estoril Sol ao aceitar este novo desafio, à altura do seu pioneirismo e inestimável vanguardismo para o desenvolvimento da indústria do jogo em Portugal.

De facto, a popularidade e a forte demanda do poker podem constituir uma oportunidade para melhor uso de espaços físicos generosos em casinos caracterizados pelas suas grandes dimensões.

Por exemplo, atualmente o Casino Estoril, por ano, acolhe mais de 18.000 inscrições em torneios de poker, distribuídas por mais de 3000 jogadores diferentes estimando-se um acréscimo de outros tantos acompanhantes que, possivelmente, não iriam ao casino.

Acresce que, pelas suas características, os jogadores de poker são os que mais se sociabilizam dentro dos casinos, contribuindo para uma maior dinâmica e fluxo de pessoas dentro do casino, que se torna imprescindível em casinos de grandes dimensões.

 As salas de poker são caracterizadas por 3 formas de contribuição de receita:

  • As directas, provenientes das comissões geradas pelos torneios e mesas de poker na vertente cash. Estas receitas assumem um percentual cada vez mais representativo no bolo final das receitas de jogo.
  • As indirectas de jogo, inclui a noção de jogo cruzado, em que os jogadores e os seus acompanhantes se envolvem em actividades de jogo significativas fora da sala de poker, visto que a apetência deste público para jogar é manifestamente superior à de qualquer outro visitante. Este fenómeno é facilmente percetível em dias de grandes eventos de Poker, em que a procura, principalmente de jogo bancado, aumenta consideravelmente.
  • As indirectas não jogo, em que o efeito “comitiva” dos jogadores e daqueles que os acompanham faz aumentar radicalmente o consumo de outros serviços paralelos dentro do Casino.

Talvez por esta dispersão de contribuições indirectas ser muito difícil de contabilizar, ainda prevaleça, entre alguns cépticos, a convicção de que o jogo do poker é um parente pobre dos jogos de fortuna ou azar.

Para gerir a receita de um casino, devemos ser capazes de prever e medir as receitas “totais”. No entanto, as receitas indiretas confundem sempre a questão.

No caso de uma sala de poker, a receita total deve equivaler às receitas diretas mais quaisquer receitas indiretas a creditar na sala de poker.

Porém, sem um processo de medição optimizado, essas receitas indiretas só podem ser estimadas grosseiramente.

Deveríamos contabilizar também o contributo promocional com que os grandes torneios internacionais envolvem os casinos, promovendo a sua marca o que se torna importante na captação de novos clientes.

Uma sala de poker, com eventos regulares, devidamente promovidos nos canais adequados, pode tornar o casino cada vez mais atraente para grupos de pessoas interessados em jogar.

Em geral, o sucesso da oferta de um serviço completo, no qual obviamente se insere o jogo do poker, baseia-se na ideia de captar mais clientes, lançando uma rede mais ampla.

A amplitude dessa rede é definida pela diversidade dos jogos oferecidos pelo casino, o que, em contrapartida, aumenta as responsabilidades enquanto operador concessionário na qualidade do serviço prestado e nas atribuições e responsabilidades de salvaguarda de um ambiente de jogo seguro e responsável que afaste os jogadores de contextos ilegais.

Não poderia deixar de encerrar este modesto contributo sem relevar que a opção da Estoril Sol pela oferta de um serviço completo, naturalmente com a inclusão dos torneios de poker, está em linha com um dos fundamentos que levou à criação das zonas de jogo em Portugal:

Assegurar as condições necessárias à prática de jogos de fortuna ou azar num ambiente controlado, com garantias de idoneidade, transparência e segurança, reduzindo ou anulando desta forma o interesse pelo jogo clandestino e ilícito.

É nesta medida, absolutamente crucial para a salvaguarda da reputação da marca Estoril Sol e de um compromisso de responsabilidade social e corporativa da empresa junto dos seus clientes, do regulador, acionistas e parceiros institucionais, propiciar um serviço de excelência que consiga traduzir nas suas operações diárias as condições acima enunciadas, suprindo as fragilidades e os desafios colocados por um mercado florescente, complexo e volátil em torno da indústria do poker, pois está em causa a defesa do interesse público, o cumprimento da lei e o valor de uma marca a preservar.

Muito obrigado a todos.

 

 

2 comentários

Deixe um comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Publicar comentário