Arquivo Casino
Em julho de 1940, o duque de Windsor, ex-rei da Grã-Bretanha e imperador das Índias, encontra refúgio em Cascais. Wallis Simpson, sua mulher, por amor de quem abdicara do trono britânico em 1936, acompanha-o como sempre. O casal ficado hospedado junto à Boca do Inferno, na residência de Ricardo Espírito Santo, banqueiro e colecionador de arte, com quem António de Oliveira Salazar contava para os casos mais complexos. Era preciso proteger o duque de Windsor dos planos do Terceiro Reich e manter a neutralidade.
Neste período, Alexander Alekine, um dos melhores jogadores de xadrez de todos os tempos e campeão mundial de xadrez durante 17 anos, morre no Estoril em circunstâncias algo misteriosas. Antoine de Saint-Exupéry descreve Portugal como um paraíso, embora triste, e Ian Fleming encontra-se com Popov, inspirando-se nele para criar o espião mais famoso do mundo, James Bond, que podemos ver em ação no Estoril, no filme “007 – Ao Serviço de Sua Majestade”.
Tudo isto na denominada Riviera Portuguesa – Sintra, Cascais e Estoril -, um verdadeiro triângulo dourado onde aristocratas, espiões, estrelas de Hollywood e milionários se cruzam, constituindo o Casino Estoril o principal local de culto e de encontro, para jogar, espiar, conviver ou para assistir a um elegante espetáculo.
Casino Estoril
Desde finais do séc. XIX que em Cascais se jogava. Existiam, com maior destaque, na vila, o casino da Praia e, no Monte Estoril, o Grande Casino Internacional que ficava localizado num palacete no Monte Estoril, concelho de Cascais.
José Ereira foi um dos sócios da sociedade do Grande Casino, inaugurado em 1899 e desde aí repleto de jantares-concerto e espetáculos, incluindo artistas internacionais. Frequentado pela alta sociedade, incluindo a Rainha Dona Amélia, fechou quando foi inaugurado o novo Casino do Estoril, em 1931.
Fausto Cardoso de Figueiredo, em 1913, surge com o projeto do Estoril enquanto centro turístico de ambições internacionais.
O início da Primeira Grande Guerra acarreta atrasos significativos na sua concretização, pelo que só em 16 de janeiro de 1916 se procedeu à colocação da primeira pedra para a construção de um edifício moderno e de lazer, onde um dia se pudesse jogar.
Em 27 de Junho de 1928, foi assinado entre o Governo e a Sociedade Estoril-Plage o contrato para a exploração do jogo de fortuna ou azar, na “zona dos estoris”, concelho de Cascais, por trinta anos, com início em 1 de julho de 1928 e termo em 30 de junho de 1958. No entanto, aquela sociedade arrendou a exploração do jogo a uma sociedade internacional que, entre 1928 e 1933, pagou ao Estado e à autarquia cascalense os impostos devidos à exploração do jogo no Estoril.
O casino do Monte Estoril já em funcionamento há 28 anos, aquando da publicação da Lei do Jogo de 1927, foi o local escolhido para a primeira exploração legal de jogo, uma vez que a inauguração do Casino Estoril de Fausto Figueiredo só ocorreria mais tarde, em 15 de agosto de 1931.
Em maio de 1933 o governo dispensa as concessionárias das cauções iniciais exigidas, bem como de outras construções impostas como contrapartidas ao Estado, com a justificação da crise económica mundial e, consequentemente, o decréscimo da entrada de turistas no País. Desta forma foi possível à Sociedade Estoril-Plage, cuja crise financeira era preocupante, continuar a deter a concessão da exploração do jogo no Estoril.
“O sítio mais fascinante do mundo!”
«O centro do mundo ocidental.» O duque e a duquesa de Windsor, o duque de Alba, o rei da Roménia, o príncipe da Suécia, o príncipe da Polónia e a princesa da Grécia e a da Dinamarca estavam lá. Parisienses ricos, incluindo os Guggenheims, também por lá andavam. A Cidade da Luz tornara-se a Cidade do Refúgio, a «última das capitais felizes» e «o porto da boa esperança».
O New York Times descreveu o local como uma «autêntica colmeia» de atividade.
Neste lugar ficavam o maior casino da Europa, um castelo do século VI, uma catedral do século XII e os resquícios de um teatro romano construído pelo Imperador Augusto no século I.
(…) Aviões britânicos e alemães estavam estacionados lado a lado na base aérea de Sintra e os espaços de propaganda dos dois países ocupavam muitas vezes lojas adjacentes. Os espiões dos Aliados e do Eixo partilhavam hotéis e sentavam-se ao lado uns dos outros em bares elegantes. Judeus ricos descontraíam prazerosamente na praia do Tamariz sob o olhar tépido dos agentes da Gestapo.
(In “Na Toca do Lobo” de Larry Loftis)
Arquivo Casino
Casino Lisboa
Passados 75 anos sobre o ano da inauguração do edifício do Casino Estoril de Fausto Figueiredo em 1931, surge o Casino Lisboa de Stanley Ho, no Parque das Nações, no edifício que foi o Pavilhão do Futuro da “Expo98”. Com localização privilegiada junto ao Tejo, está integrado num excelente polo turístico servido por várias unidades hoteleiras, próximo da Gare do Oriente, FIL, Pavilhão Atlântico, Oceanário e Pavilhão de Portugal.
A exploração do Casino Lisboa ficou também a cargo da Estoril Sol (III) – Turismo, Animação e Jogo, S.A., empresa concessionária da Zona de Jogo do Estoril.
A ideia chave que presidiu ao projeto do casino Lisboa foi a de complementaridade relativamente ao casino Estoril. A atmosfera de glamour de um deu origem ao vanguardismo do outro. Ao público maioritariamente de meia idade de um correspondeu um público tendencialmente mais jovem do outro. As grandes galas com nomes mediáticos no Estoril deram lugar à realização de espetáculos dirigidos a um público mais jovem, mais urbano, em Lisboa.
Menos de dois anos após a sua inauguração, o Casino Lisboa já era o maior casino de Portugal em termos de faturação e receita de jogo, tendo progressivamente consolidado essa posição de liderança. Até hoje.
A concessão dos casinos do Estoril e Lisboa terminava no final de 2020. Devido à pandemia foi prorrogada até 31 de dezembro do corrente ano de 2022.
Encontra-se neste momento a decorrer o concurso público internacional com vista à escolha do concessionário que operará nos dois casinos, já a partir do dia 1 de janeiro de 2023.
