Carlos Costa, primeiro Diretor-Geral do Casino de Lisboa e um dos seus grandes impulsionadores, num  momento da apresentação do livro “Fortuna ou Azar – dupla improvável” em outubro de 2016.

Eis o texto, escrito na altura pelo Dr. Carlos Costa, agora e pela primeira vez publicado na íntegra:

 

Inaugurado em 19 de Abril de 2006, o Casino Lisboa traduziu a feliz materialização de um sonho, consagrado em obra.

Foi assim a visão de quem sonhou o Casino Lisboa:

– Único, seguramente. Porque diferente;

– Surpreendente, também. Pelo arrojo e vanguardismo das propostas;

– E Inovador, sobretudo. Por tudo.

Único, desde logo, na exacerbada polémica gerada com a sua origem e no roteiro trilhado pelos sucessivos projetos e localizações, desde o Parque Mayer a Monsanto, do Campo Grande ao cais do Sodré, passando por Santa Apolónia até desaguar a Oriente, no Parque das Nações, erguendo-se no espaço outrora ocupado pelo Pavilhão do Futuro da Expo´98.

Surpreendente, na expressão do investimento de mais de 100 milhões de euros, absorvido na obra de readaptação, com prazo de construção, improvável, de apenas onze meses e três semanas, a partir do licenciamento camarário.

Inovador no posicionamento estratégico definido que, na coerência do mesmo conceito e na observância da mesma matriz de qualidade, procurou mitigar a concorrência e potenciar a complementaridade com o casino Estoril, através da focalização do projeto, em todas as suas vertentes, num target de frequentadores mais jovem, urbano e turístico.

Único, também, pela localização privilegiada, junto ao Tejo, integrado num polo turístico emergente, servido por varias unidades hoteleiras, rodeado pela Gare do Oriente, FIL, Pavilhão Atlântico, Oceanário e Pavilhão de Portugal, no eixo dos principais acessos viários e a escassos minutos do Aeroporto Internacional de Lisboa.

 

Surpreendente, a prevalência da transparência e intercomunicabilidade física e virtual dos espaços do edifico, cuja versatilidade concetual de uma arquitetura depurada, a privilegiar alturas e e a potenciar espaços, evidencia o contraste com a luminosidade opalina de pisos e paredes de vidro que se fundem em mutação cromática, com sedutoras soluções de multimédia de ultima geração.

Inovador pelo pioneirismo das soluções técnicas adotadas, que visaram a racionalização energética e a sustentabilidade ambiental do projeto, com recurso à moderna tecnologia de iluminação (LED) dos vidros do pavimento e das paredes do edifício.

Único, ainda, na dimensão e cuidado colocados no processo de recrutamento e seleção do quadro de pessoal, assim como na conceção e execução de um plano de formação ministrado a todos os profissionais contratados, dotando-os de conhecimentos amplos e práticas consistentes.

Surpreendente na multiplicidade de atmosferas lúdicas e na criação de um novo espaços de animação e lazer na cidade de Lisboa, onde as diferentes áreas de atividade se interrelacionam e convivem de forma harmoniosa.

Inovador na adoção de um modelo de gestão que contemplou soluções de racionalização e otimização de recursos humanos e que, em detrimento da gestão direta de áreas operacionais, privilegiou a outorga de contratos de concessão dos espaços de F&B (Bares e Restaurantes) e dos parques de Estacionamento a entidades externas, em plena consonância com os critérios de seletiva qualidade da Estoril Sol.

Único, mais uma vez, na curiosidade e interesse despertados junto dos media, traduzido no inusitado volume de solicitações de entrevistas, reportagens, e visitas guiadas ao casino, ainda em fase de obra – com jornalistas, fotógrafos e operadores de camara de ar incrédulo, atónitos, como quem não parecia acreditar no cumprimento dos prazos de construção e de inauguração…

Surpreendente pelo ineditismo da conferência de imprensa de apresentação do projeto aos media, a que ocorreu mais de uma centena de órgãos de comunicação social, nacionais e estrangeiros, realizada…no Parque de Estacionamento subterrâneo do Casino.

Inovador na originalidade da campanha de marketing de lançamento que teve o mérito de não deixar ninguém indiferente, suscitando elevadas expetativas, alicerçada na fusão de imagens do período do Renascimento com a Modernidade contemporânea, plasmadas em estruturas cúbicas, simulando uma chuva de meteoritos sobre a cidade de Lisboa.

Único, também, pelo estilo hollyoowdesco da cerimónia de inauguração: receção a 1200 convidados em tenda gigante e transparente; 200 artistas envolvidos; 170 jornalistas credenciados; espetáculo ao ar livre da atração Trans Express; fogo de artifício, animação e concerto de Opera cómica, divinalmente interpretada por Natalie Choquette, La Diva, que terminou em inesperados passos de dança com Stanley Ho.

Surpreendente pela programação dos onze concertos inaugurais, que tiveram lugar nos dias subsequentes à abertura: Jose Peixoto e Maria Joao, Farruqioto, Salif Keita, Shemekia Copeland, Goran Bregovic, Stacey Kent, Barbara Hendrics, Rodrigo Leão, Ney Matogrosso, Ana Carolina e Nnenna freelon, em desfile pelo palco, num hino à diversidade e riqueza de estilos e registos musicais.

 

Inovador nas soluções técnicas encontradas para a sala de espetáculos, justamente batizada de Auditório dos Oceanos, em justa homenagem ao tema da última Exposição Universal do Século XX e à Historia de Portugal: teto escamoteável, que dissimula uma densa teia de equipamentos de iluminação cénica; e fundo do palco revestido com paredes de vidro e aço, que abrem como se de um diafragma se tratasse, potenciando a transparência dos espaços.

Único, sem dúvida, na árdua tarefa de desmistificar a atividade do jogo, rompendo com ideias feitas, através da aposta em novos layouts de máquinas e bancados, dispostos em pisos amplos, segmentados, num ambiente que suscita a curiosidade e convida os visitantes à descoberta dos feéricos espaços de jogo. Onde cada aposta será sempre um desafio à sorte, a adrenalina de uma nova emoção.

Surpreendente, nas ousadas opções estéticas vertidas nos fardamentos dos profissionais de jogo: a elegância do fato, em detrimento do smoking; a sobriedade da gravata, em substituição do laço; a irreverencia da cor magenta, em vez da tonalidade negra.

Inovador nas propostas de jogo, em rotura com conceitos cristalizados, assumindo a diversidade cromática das mesas de jogo, num puro desafio ao monopólio do clássico pano verde: Vermelho nas Roletas; azul nos Carteados; e Verde light nas Bancas Francesas.

Único, enfim, no conceito de restauração, ancorado numa multiplicidade de propostas gastronómicas, qual paleta de sabores, distribuídas por três espaços de referencia, direcionados a segmentos de procura distintos – restaurante gourmet, com menus de degustação ou carta de estação; restaurante panorâmico, em conceito de show-cooking e espaço de restauração mais eclético.

 

Surpreendente pela aposta na animação, oferecida diariamente aos visitantes, recriando, com as adequadas adaptações, a atmosfera de uma mega discoteca: atuação de bandas de musica ao vivo; projeções de vídeo em ecran gigante; performances de novo circo; representações de stand-up comedy; e Juke box, rubrica com a participação de DJ´s e VJ´s.

Inovador nas soluções adotadas para o bar Arena Lounge, espaço central, por excelência, do casino Lisboa, que funciona como ponto de encontro e convívio: uma esplanada com três anéis rotativos que possibilita uma progressiva visão dos espaços envolventes, plateia privilegiada da animação.

Volvidos menos de dois anos após a inauguração, o Casino Lisboa tornou-se no maior casino de Portugal em termos de faturação e receita de jogo, tendo progressivamente, ano após ano, consolidado essa posição de liderança, alcançando uma quota de mercado na ordem dos 28%.

É justo reconhecer o sucesso e êxito deste casino, seja no volume de faturação, seja no nível de frequência, seja ainda nos índices de notoriedade e satisfação.

E partilhar o êxito com todos aqueles que diariamente nele trabalham.

Não esquecendo, nunca, quem, um dia, teve a visão de sonhar o Casino Lisboa: Mário Assis Ferreira.

Único, surpreendente e inovador.

Nota: Este excelente texto foi escrito pelo Senhor Dr. Carlos Costa, a meu pedido, para ser incluído no livro “Fortuna ou Azar – Dupla Improvável”, o qual foi dado à estampa no mês de outubro de 2016.

19-04-2018, Pereira de Deus

 

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