Ilha Terceira – Vista das Lajes a partir da Serra do Cume
«Ao longo de 1940 e 1941, Roosevelt e Hitler travaram uma guerra silenciosa relativa a Portugal. Enquanto que Lisboa era um porto útil em rotas chave por via marítima, o império colonial português, que compreendia um território vinte e cinco vezes maior do que a metrópole, tinha uma importância militar muito maior. Desde as ilhas africanas de Cabo Verde a Macau, junto à China, passando por Goa, na Índia, os territórios portugueses eram alvos tentadores. A jóia da coroa, porém, era o arquipélago dos Açores. Localizado a meio caminho entre Lisboa e Nova Iorque, era o único ponto para reabastecer a meio do Atlântico e permitia à única transportadora em serviço, a Pan American Airlines, andar para cá e para lá entre os dois continentes. Se os Aliados ou poderes do Eixo tomassem os Açores, temia Salazar, as ilhas seriam rapidamente transformadas numa base naval e submarina. Era a rainha do xadrez militar do Atlântico. Num discurso proferido em 27 de maio de 1940, o presidente Roosevelt anunciou – sobretudo para que chegasse aos ouvidos de Hitler – que os Açores tinham tamanha importância estratégica que os Estados Unidos não podiam permitir que caíssem em mãos hostis».
«O comentário apavorou os portugueses , que inferiram que os Estados Unidos se preparavam para ocupar as ilhas. Se isso acontecesse, sabia Salazar, Hitler invadiria Portugal para equilibrar a balança. Dois dias depois, tropas portuguesas – com capacetes incrivelmente parecidos com os alemães – partiam para os Açores para defender as ilhas da invasão da invasão americana».
(Excertos do livro “Na Toca do Lobo” de Larry Loftis, páginas 45 e 46)